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Tarde de domingo

Quem lê minimamente este blog, ou me conhece, sabe da minha paixão, e admiração por filmes antigos. Para mim, eles são o retrato de valores e de sentimentos que foram sendo deixados de lado. Ser apreciador de filmes antigos, é algo inato, você gosta ou não. É como talento, ou você tem ou não. Ou você sente a poesia, ou não. Ou você vê a estética, percebe a sutileza ou não. Eu também não sei porque gosto tanto dessas produções, ou porque as antiguidades me atraem, me vejo copiando um figurino sessentinha, e acho bárbaro. Bonequinha de luxo, é um filme perfeito do início ao fim, assim como as músicas de Michael Jackson.

Segue um trecho que filme que assisti hoje, parte de uma obra do Billy Wilder, um dos meus diretores preferidos.

O fim do mundo como o conhecemos

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A cada dia, a confirmação me salta aos olhos, o fim do mundo como eu o conheço, como nós o conhecemos. Aparentemente, tudo está acontecendo normalmente, nada muda tanto para quem não presta atenção, apenas se levanta e aguenta mais um dia, afinal logo chega a sexta-feira, e no sábado pode-se dormir mais, é uma grande ambição. Repara que as pessoas se forçam a acostumar-se com o que as incomoda. Repara que tudo parece ser engolido, fica faltando saborear. Fica faltando aquele tempero, fica faltando…eu penso muito em muita coisa. Às vezes confundo a verdade com o que vi num filme, os diálogos são melhores, e os amores são esgotados, quase sempre.

A natureza agoniza, a violência aumenta, o amor é banalizado, o sexo é necessidade fisiológica, e cada vez mais a nossa casa, nosso lar, é realmente um refúgio. A gente entra, à noite, apaga as luzes, e se senta num canto. A sensação de ser uma peça da mobília é boa.

O controle remoto liga quase tudo, e nos desliga. O sol brilha, a chuva é a força reguladora da natureza, e Darwin deve estar morrendo de rir, onde estiver, nunca a descoberta dele foi tão comprovada. Os fracos não teem vez, só os mais fortes sobrevivem, não se sabe como, eles não falam sobre isso. Eles não falam com ninguém.

A gripe suína, me lembra aqueles filmes catástofre, no estilo Epidemia, ou Extermínio. Algo já previsto pelo cinema, as melhores bilheterias. Quantas imagens eu vi quando criança, e ainda eram ficção científica, agora funcionam na minha cozinha, e no Japão. Quem não se lembra de 2001 uma odisséia no espaço?, era quase uma profecia de Nóstradamus. Oh, as malditas máquinas, oh as benditas. Lembro bem de  A geração de Proteus, o computador adquire consciência humana e resolve que quer ter um filho com a mulher de seu criador. A aprisiona em casa, e se não me engano, consegue.

Acho que o fim do mundo, acontece dentro de cada um. A gente tem que construir um bem bonito, dentro da gente, antes de trancar a porta de casa, e de respeitar os toques de recolher.

I wanna be

Não quero falar, quero mostrar. Coisas que gente competente e que pode, e que sabe, faz. Arte e beleza puras.

A Disney fez um ensaio fotográfico com celebridades no lugar de personagens de seus desenhos, lindo. A Branca de Neve é a melhor.

Um dia, Hitchcock nasceu, devemos dar graças, ele cresceu, e fez cinema. I wanna be Tippy Hedren ou Grace Kelly. Uma coisa, realmente. A revista Vanity Fair está prestando uma homenagem ao gênio do suspense na edição de março e convidou 21 atores e atrizes para posarem em cenas dos filmes do Hitch. Ainda bem que eles aceitaram. Os homens estão elegantes, e lindos. Destaque Janvier Barden, bom, até sobre rodas, e Robert Downey Jr. As mulheres. Todas estão lindas e matadoras, destaque para Scarlet Johanson e Naomi Watts . Todas as fotos aqui.

Na cara não, que vai estragar o velório!

O filme Tropa de Elite, do diretor José Padilha, é sobre as atividades do BOPE (Batalhão de Operações Especiais da Polícia Militar), Padilha também dirigiu o “Ônibus 174”. A película já é um sucesso antes mesmo da estréia nos cinemas dia 12 de outubro. Pelo menos, é um sucesso de marketing. Não vou dizer nada antes am particular sobre o filme, antes de assistir num cinema e na íntegra. Ah, não, eu não vi a cópia pirata, não porque sou contra, eu sou a favor. É que infelizmente a cópia sempre fica com uma imagem escura. Apesar de a fotografia do filme ser mais clara, bem crua mesmo. Vou preferir à moda antiga, salas lotadas, e empurra-empurra pra sentar.

Mais uma vez teremos a realidade, a violência e a crueldade que está na porta de casa, esfregadas em nossa cara num telão de cinema. Tomaremos mais uma vez a consciência de que nossa democracia e o controle que julgamos ter sobre a nossa vida, não existe. A democracia é uma palavra bem bonita e que depois de ser usada lá na Grécia antiga, não se teve mais notícia dela. A democracia só funciona para pessoas como o Sr. Presidente do Senado, Renan Calheiros, e seus aliados, a quem ele deve ter ameaçado com armas tão mortais quanto às usadas no morro, caso não usassem com sabedoria seu voto secreto. Ora, bolas.

As favelas me parecem os antigos feudos, e os traficantes e os alguns policiais os seus senhores. É claro, que a população acaba criando sistemas novos de governo, de vida, cria suas próprias leis, no meu micro cosmos, entende? Hã?Micro cosmos? é…

Muitas vezes, essas “leis” são um pouco contraditórias levando-se em conta o conceito de matar ou morrer. Seja em São Paulo ou no Rio de Janeiro, Timor Leste ou Serra Leoa. Cada lugar desses é um outro mundo. Mas sempre com as mesmas características, os rostos mudam, o terror e o medo espreitam da mesma forma.

O que eu vejo, é uma pequena grande guerra, com todo o comércio e lucro que ela pode proporcionar. Armas, drogas, sangue, noticiário e dor. Uma coisa é certa. É preciso ter muita coragem além de armas mortais, e muita adrenalina, testosterona e uma certeza, para subir um morro cheio de gente com armas muito mais poderosas que a suas. O que fazer com um calibre 38 nas mãos enquanto os seus inimigos, te apontam uma metralhadora que atira 300 balas por minuto? É uma decisão kamikaze, é sem volta, e eu realmente não consigo enxergar os resultados.

Algumas falas de Tropa de Elite já viraram até grito de guerra na torcida do Vasco, o Capitão Nascimento interpretado por Vagner Moura, já é comparado a Chuck Norris e Jack Bauer. Olha, me parece que perto do Capitão esses dois são heróis de brinquedo.

Descubra quem é você no filme, olha só que eu me revelei:

Mar de lágrimas

Sabe aquela sensação de que vai morrer junto com o personagem do filme, ou sentir como se fosse com você, de verdade? É vendo filmes assim que se chora um mar de lágrimas. Eu selecionei alguns dos filmes que já assisti e que não consegui deixar de soluçar. Cinéfila absolutamente emotiva e romântica, acabei por selecionar os de coração partido em sua maioria. Antigos e recentes. Guerra, distância e amores difíceis. Minha lista dos dez mais chorosos.

Os clássicos

Doctor Jivago (Doutor Jivago), 1965, foi dirigido por David Lean (o mesmo de Lawrence da Arábia) traz o quase famoso na época, Omar Sharif (lindo!) como Iury Jivago, e sua amada enfermeira Lara, interpretada por Julie Christie. Os dois vivem um amor que mesmo difícil resiste uma Guerra Mundial. O primeiro clássico a gente nunca esquece, um amor sofrido que arrebata de cara. Destaque para belas cenas da revolução russa e de batalhas da Segunda Guerra. A trilha sonora levou o Oscar. Dr. Jivago está entre os 100 melhores filmes de todos os tempos.

Love is a many-Splendored thing (Suplício de uma saudade), 1955, uma das mais bonitas histórias de amor do cinema. Hong Kong, Mark Elliot (Willian Holden) é um correspondente de guerra e se apaixona pela médica Dra. Han Suyin (Jennifer Jones). O único grande problema é que Mark deixou mulher e filhos nos Estados Unidos. Um dos pontos altos da película é a maravilhosa trilha sonora do mesmo nome do filme em inglês. Ganhou o Oscar em 1955. Só de ouvir dá vontade de chorar.

Imitation of life (Imitação da Vida), 1934, tem o símbolo sexual da época, Claudette Colbert (Beatrice Bea Pullman), num dos primeiros filmes sobre racismo, tratados de uma maneira até bem explícita para a época. Beatrice trabalhava duro depois de ficar viúva, como graçonete, quando sua amiga a doce e dedicada cozinheira, Delilah (Louise Beavers), que faz panquecas deliciosas é descoberta por um empresário, juntas elas conseguem ficar ricas. Só falta Delilah ser amada pela filha que é “quase” branca. Prato cheio para quem gosta de filmes antigos como eu.

De uns anos para cá

Ghost (Ghost – do outro lado da vida), 1990, é quase um clássico dos grandes amores, e da choradeira, mas é tão lindo e tão verdadeiro, que é imperdível. Talvez por a história parecer tão próxima da vida real de todos ou porque é um pipocão daqueles maravilhosos, ou ainda porque o amor de Molly (Demi Moore), e Patrick Swayze (Sam Sweat) vai além da vida e da morte. Os dois atores foram alçados à fama. A trilha sonora consegue superar o filme, aliás, mais marcante ainda, a linda canção do The Righteous Brothers, a Unchained Melody. A combinação doovo com o moderno dá um tom bem interessante ao filme. Destaque para a jukebox de Molly.

The bridges of madison county (As pontes de Madison County), 1995, esse é um os meus preferidos, é insuportavelmente bonito e triste. O estupendo Clint Eastwood, na dobradinha de diretor e protagonista, é Robert Kincaid, fotógrafo da National Geographic, e a “monstra sagrada” Meryl Streep, é Francesca Johnson, uma dona de casa entendiada, que se vê só por alguns dias, livre do marido e dos filhos que tinham ido pescar. Foi o suficiente para o improvável acontecer. Assista e me diga o que você faria. Me quebra esse galho e assista. Você será presenteada(o) com belas cenas e interpretações únicas. Caixa de lenço e pipoca são acessórios indispensáveis. Até meu irmão chorou, e ele é durão. hehe.

De-Lovely (De-Lovely, Vida e Amores de Cole Porter), 2004, a vida de um dos maiores compositores americanos contada num musical. Uma das coisas mais legais deste filme é a variedade das participações que vai de Robbie Willians até a esplendorosa Natalie Cole. O filme é belo e triste porque a vida de Cole foi muito conflitante, especialmente no final, ela foi triste. É difícil segurar aquela lágrima que insiste em rolar quando Natalie Cole, desliza sua voz em “Ev´ry time you say goodbye”.

Brokeback Mountain (O Segredo de Brokeback Mountain), 2005, uma das histórias de amor mais tristes de Hollywood. Dois cowboys que se apaixonam depois de passarem um tempo juntos numa montanha isolada, são Jack Twist (Jake Gyllenhaal) e Ennie Del Mar (Heath Ledger). Chega a dar uma dor no peito, tamanha é a agonia dos dois. Certa vez eu disse que a cena de sexo mais triste do cinema é a de Despedida em Las Vegas. Sustento. Essa dos dois cowboys é uma das histórias mais tristes, porque é dífícil entre tantas a escolher no mundo no cinema, para uma cinéfila. Gyllenhaal e Ledger foram inteligents e corajosos, Heath encarna o típico reprimido, durão, Jake foi uma grata surpresa para mim. Curiosidade: o roteiro esperava por patrocínio desde os anos 90 quando foi escrito, e Heath quase quebrou o nariz de Jake numa das cenas de beijo.

Mi Vida Sin Mi (Minha Vida sem Mim), 2003, produção espanhola. Mais um dramalhão irresistível, Mark Rufallo como Lee, e Sarah Polley como Ann, a protagonista, ambos estão super bem no filme. O que você faria se só restassem três meses de vida?? Talvez fazer correndo um monte de coisas não feitas. A trizteza traz a reflexão sobre como se leva essa vida. A mãe de Ann, é interpretada pela ex-punk star Debbie Harry, do Blondie.

Olga, 2004, a super produção nacional, baseada no best-seller homônimo de Fernando Morais e dirigida por Jayme Monjardim, arranca lágrimas a qualquer preço. A maravilhosa fotrografia e o talento de Camila Morgado completam o drama real de Olga Benário. Olga era militante comunista, judia, e foi entregue grávida aos nazistas pela ditadura brasileira. Apesar de forte e decidida, não é necessário dizer como em tempo de guerra é difícil ser mulher.

Para fechar, um dos primeiros dramas, filmaço, com o qual me emocionei.

Terms of Endearment (Laços de Ternura), 1983, conta a emocionante história de três gerações de uma família, focadas na mãe, Aurora Greenway (Shirley MacLaine), e Emma Horton (Debra Winger) e no vizinho conquistador barato, o que inclui é claro, suas brigas, amores e coisas em comum. A relação doida e cheia de conflito acaba mudando radicalmente quando Emma descobre que está com câncer, e sua mãe se apaixona pelo vizinho. O longa é baseado no livro de Larry McMurtry e produzido pelo mesmo diretor de Melhor é Impossível, também com Nickolson. Atenção para a famosa cena, a melhor, de Jack Nickolson e Shirley MacLaine andando de conversível na praia. É choro que não acaba mais, você acaba se sentindo na sala de casa.